Atingidos das barragens de Garabi e Panambi se organizam


Aconteceu dias 22 e 23 de agosto de 2012, em Santo Cristo, o Encontro de Atingidos das Barragens de Garabi e Panambi. Nos dois dias de encontro organizado pelo MAB, CPT, Igreja Católica e Sínodo Noroeste Riograndense - IECLB, cerca de 70 pessoas, enviadas por suas comunidade de origem, se ocuparam com temas como o direito de resistência e o direito internacional, o setor elétrico brasileiro e o seu projeto, relato de experiências de atingidos por outras barragens no Rio Uruguai e o estudo de uma proposta de organização nas comunidades a serem atingidas pelas barragens. Estiveram presentes representantes dos municípios de São Nicolau, Porto Mauá, Alecrim, Porto Lucena, Porto Vera Cruz, Novo Machado, Roque Gonzales, Porto Xavier e Pirapó.

O direito de resistência é um direito natural e nasce junto com a humanidade. É o direito do ser humano em defender aquilo que possibilita a comida 
sobre a sua mesa e dá dignidade de vida aos membros de sua família. A resistência se dá concretamente no direito de trabalhar a terra, cultivando-a e retirando dela o seu sustento ou o direito à pesca e o acesso à água. E ao defender este direito natural propõe uma alternativa. Em relação à produção de energia há, hoje, uma diversidade de alternativas que devem ser consideradas e não mais ignoradas. 
Há entre os futuros atingidos uma vontade individual muito grande de resistência. Mas como sozinho ninguém é capaz ou uma vara é muito fácil de ser quebrada, os participantes se comprometeram a construir uma articulação coletiva. Visto que o capital através de seus instrumentos de ação não brinca em serviço, a resistência coletiva deve ser bastante forte. É mais do que urgente que se discuta o direito dos atingidos. Encontrar argumentos a favor da importância econômica do empreendimento é muito fácil. Há que se considerar e incluir na agenda de assuntos os riscos ao meio ambiente e as pessoas. O que faremos em relação a ambos? Pessoas não podem ser privadas de seus meios de vida arbitrariamente. Há que se discutir sobre a água. A água não tem proprietário. Não pode pertencer a alguém. Ela tem uma função social e deve estar acessível ao sustento dos seres humanos e à vida dos animais. O que ocorre é que iniciativas privadas se apropriam da mesma. E se apropriam sob a mentira do interesse público. Há aqui uma série de assuntos a serem incluídos na agenda de discussão e que devem chegar ao público em geral de uma forma transparente e democrática. A sociedade precisa discutir e participar dessa discussão. Essa discussão não pode estar restrita a alguns segmentos que se entendem como representativos.